quarta-feira, 23 de março de 2011

Eu lhe disse que não Bulisse

Olá queridos leitores.
Agradecendo a atenção que meu humilde espaço tem recebido e sempre atento às críticas e sugestões de meus amigos e parentes que compõem a lista de "admiradores" deste blog, e atendendo as exigências de um mundo internético, onde as informações devem ser passadas de forma rápida e concisa (em contraste com meu "estilo" prolixo, pedante e cheio de parenteses), devo, em breve, (tem virgula pra caralho também) abrir a seção "O Pequeno Príncipe" no blog. Com fonte maior, mais figuras e linguagem que abrange apenas o nível "Muito Fácil ou "Moleza" da revista coquetel. Uma vez que hoje em dia, qualquer obra literária que tenha um nível de detalhes um pouco maior, e mais de 140 caracteres, pode virar um best-seller, mesmo que sua sinopse possa ser "tweetada" da seguinte forma: "vampiro centenário doidão quer chupar garotinha" (mensagem: Crianças, cuidado com os predadores sexuais, a não ser que ele tenha centenas de anos a mais que você e tenha tara por sangue).  Por enquanto devo manter minha forma já quase tradicional de expressar minha opinião.
Quero tratar de assunto mais sério e relevante, agora que a vaselina social já foi besuntada nos respectivos esfíncteres, segue minha visão sobre o Bullying. 



Como já foi bem divulgado e comentado, o bullying está longe de ser um problema novo, tendo existido provavelmente desde o início das sociedades, quando nas populações nômades os meninos eram "zoados" e perseguidos por sua inaptidão em caçar mamutes, ou pelo tamanho de suas clavas (apesar de possuírem inegável talento para as artes e física nuclear). Temos a impressão que esse problema se agrava por conta do acesso à informação que temos hoje. Mas será só isso? Que fatores têm tornado a escola um lugar aparentemente mais inóspito, apesar de todo o "esforço" de professores, pais, psicólogos, alunos e do youtube?

Sem prolongar o assunto referente aos motivos pra infância ser cada vez menor, em contraste com a adolescência cada vez maior, usemos um caso já bem difundido para analisar nosso próprio julgamento.

Todos já conhecem o caso do "Menino Zangief" Casey Heynes, que recentemente clamava não ter amigos, e hoje em dia é ovacionado e conta com milhões de fãs. Casey é considerado um herói por ter se defendido de um valentão. Ok até aqui. A humanidade sempre gostou de histórias de heróis e superação, de quebra de barreiras e adversidades. O problema é que a história que o povo conhece tem 45 segundos, (mais ou menos o tempo que a "geração search engine" consegue se concentrar em alguma coisa, e que o "valentão" tem 12 anos (4 anos e 30kg a menos que Casey, diferença  grande na adolescência).
Hoje em dia, é muito fácil tomar partido. Usar a história do outro pra esquecer da própria. E o resultado é que, ovacionando um garoto que "venceu" a humilhação e as ofensas, milhões de amebas tem praticado um Bullying imbecil contra Richard Gale. 

Não pretendo defender o garoto, de fato, não pretendo defender ou julgar nenhum dos dois. Proponho apenas um ponto de vista mais neutro. Concordo que foi bem estúpido da parte dele "mexer" com um rapaz visivelmente mais forte, filho do furacão russo, o supremo ciclone vermelho, Mr Zangief. Mas ele já teve o que mereceu. O que defeca tudo é o desocupadinho filmando o episódio e divulgando internacionalmente. Aliado a papais de pulso frouxo, escolas "politicamente corretas" que punem embasadas em normas rígidas e impessoais, e à tempestade em copo d'água que queremos fazer com tudo o que nos cutuca moralmente, como se procurando a causa do apocalipse.

Pensemos assim: Por quais motivos uma pessoa é "zoada" na escola? Você não acha que esse menino já teve o bastante? 
My precioussss

Essa hostilidade é também um reflexo do mundo adulto! Culpam as escolas, os filmes, os jogos (nesse caso, acho que Street Fighter II realmente exerceu influência) e esquecem do exemplo, do diálogo e da compreensão (momento Xuxa). O pais mostram que as coisas se resolvem com o litígio, e criam uma sociedade embasada no medo e na paranóia. Fizeram isso com eles mesmos transformando um olhar mais de lado, em assédio sexual. Agora dizem que se eu não chamar essa criança de linda, eu estou praticando bullying. Não concordo com crianças brigando, apesar das brincadeiras e conflitos fazerem parte do desenvolvimento não só da personalidade, como motor e cognitivo. Mas nós preferimos nossas crianças atadas ao sofá da sala, vendo realities de quinta categoria, imaginando como seria roubar um ônibus e tocar o caos.
Ensinamos que ser feio, ou gordo, pobre, ou "devagar" são defeitos que merecem grande atenção e são extremamente ofensivos. Reduzimos a essência das crianças à meros atributos fisiológicos ou financeiros, e dizemos que elas devem se sentir extremamente ofendidas quando apontadas. Que devemos processar, brigar, foder com a vida da outra pessoa, mas jamais revidar com uma muqueta, ou um piledrive, mas quando vemos um golpe bem dado, vamos ao delírio. 
Em segundo plano, estamos pedindo a eles que encontrem alguém mais feio, mais gordo, mais burro e mais pobre, para que apontem, zoem e não se sintam a pior pessoa do mundo.

-Mãe, pai, briguei na escola...
-Tá vendo desgraçada? Culpa sua...
-Culpa minha? Você que é um bêbado safado...

ou pior:
-Filho, estou muito decepcionado com você! Você sabe o que eu penso sobre pessoas violentas...

Devo continuar esse assunto em outra oportunidade, focando na hipocrisia social e justificando a menção à companhia do pagode.

Quero deixar claro que ao longo da minha vida, já estive nos dois lados da história e aprendi muito com isso. Inclusive com meu arrependimento, que só foi possível por não existirem milhões de juízes me apontando o mouse.

7 comentários:

  1. Ora, qualquer coisa que fuja de uma certa normalidade dentro de um grupo social vai ser de certa forma discriminado sim. Estão criminalizando um comportamento inerentemente humano... Quem não sofreu bullying alguma vez deve ser tão irritantemente normal e insípido que não deve nem ter graça conhecer... bjs!

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  2. Quando criança era chamada de "baleia fora d'água" e prontamente saía correndo.... e descia a porrada na molecada. Simples assim.

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  3. @Carol Vitti: Soube de casamentos que começaram assim! Alguns acabaram assim também

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  4. É complicado, acho que todas as escolas deveriam ter psicólogos para acompanhamento com crianças que "se destacam", além, é claro, do acompanhamento principal dos pais! Na escola me chamavam de Olivia Palito ;D odiava e corria atrás dos meninos pra brigar, mas olhando bem, hoje que a Olivia tem seu charme...hahaha

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  5. Na minha época sofri bastante também. Cheguei a reclamar na escola e até em casa, mas sempre diziam: "Deixa pra lá! Isso é coisa de criança.". Qual a solução que arrumei na época? Porrada em quem aparecia na frente. Para mim foi a solução. Normal para infância? Acho que não. Porque sem ajuda uma criança entende que essa é a maneira de resolver as coisas na vida. Algumas pessoas superam bem com o tempo, mas eu, por exemplo, só há uns 2 anos atrás que consegui controlar minha agressividade. Já tenho 30. Imagina quantos problemas tive com isso. Imagina uma pessoa que não consegue identificar um problema desse tipo e passa a vida toda sem ter uma vida social normal. Enfim, é isso. Parabéns pelo post e vou conhecer melhor seu blog.
    Abrax

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  6. Opa, muito bom o texto neto. Nao tenho mto a dizer sobre isso, concordo em tese com o texto. Acho que o bully sempre existiu , desde os primordios, apenas alguns anos atrás é que inventaram um nome para ele...ai virou problema social.

    Talvez essa seja a solução..vamos dar nomes para os problemas do mundo. Quando jogar lixo no chao era proibido, ninguem ligava, agora mencione "Aquecimento Global" que todo mundo se preocupa.

    Enfim, sobre o blog. Eu mudaria o esquema de cores, esta muito sombrio e pouco amigavel, nao combina com o tom bem humorado de seu texto. Posso ajudá-lo nisso se quiser.

    Abraços!

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