Senso de humor - Um tiro em meu pé.

Tirem as crianças da sala...
Em momento de reflexão e auto-pesquisa (penso em vender pelo preço das parcelas restantes e financiar algo novo (Celta Life cor preta ano 08/08)), indaguei-me sobre a origem e os processos da comédia e do senso de humor. Confesso que constato certo pessimismo no meu modo de pensar, e na visão que tenho do que achamos (eu incluso) engraçado. Em verdade, esse texto bem poderia ser a continuação do último, já que de certo modo, não há nada mais engraçado que um grande bullying em rede mundial. E já que de acordo com um dos grandes mestres contemporâneos na arte de fazer rir: "A hipocrisia é pilar indissolúvel da sociedade e quem negar é hipócrita" (paráfrase), e que esta está tão arraigada que nem nos damos conta, explicarei talvez bem devagar e detalhadamente o que quero dizer.
Primeiramente tem me incomodado já a algum tempo uma característica comum a muitos dos operadores do humor em boga (sotaque hispânico) atualmente: a escrotice (também conhecida por rudeza, imbecilidade, filhodaputice ou falta de pimbada). Percebemos uma hostilidade evidente nos espaços de humor considerado inteligente, que se manifesta de diversas formas, em tom de revolta, de chacota, ou de pura ofensa mas sempre mantendo a mesma insatisfação e infelicidade no discurso.
Beleza. Quem não gosta de reclamar? Achar alguém que reclame mais ainda, e de forma sarcástica é sem dúvida algo com o que podemos nos identificar. O problema começa (eu sempre digo isso né?) quando elegemos tal proceder a única forma de "humor inteligente".
Resumidamente, estamos criando monstros nos dois seguimentos: no dos comediantes ou humoristas, e no mercado consumidor, que se mostra cada vez mais exigente em relação ao produto em contraste com sua decrescente capacidade de interpretação e de senso de humor.
Vejo blogueiros, vlogueiros (perdi o sotaque), e televiseiros dando infelizes exemplos de hostilidade gratuita, seja numa tentativa de parecer "cool" e "nonchalant" (atitude de "to pouco me fodendo pro que pensam de mim"), ou numa internalização dum personagem aliada à inflação do ego destes indivíduos, que não raro, supera seu próprio talento. Desrespeito à "fãs", ofensas infundadas e reclamações absurdas e infrutíferas são manifestações do "efeito Dr House", que causa a impressão de que é engraçado ser mal-humorado.
Se você estiver pensando "Foda-se" devo dizer que concordo plenamente. Mas o que fode mesmo, são os futuros médicos que acham bonito ser feio, querem ser igual ao Dr House e jamais terão a humanidade necessária para desempenhar a medicina, muito menos a competência em diagnóstico que o PERSONAGEM FICTÍCIO possui (ANALogia oquei?). Em outras palavras, a onda de pseudo intelectuais que acham que ter uma opinião sobre algo é necessariamente ser antagônico e reclamar das coisas. E que humor inteligente é aquele que humilha pessoas públicas (mais comumente políticos) que nós mesmos elegemos (os programas nos lembram disso também) como forma de protesto. Eu sinceramente já não possuo qualquer interesse em exercer cargo público com receio de possíveis represálias e perseguições de gente que tá cagando pra fazer qualquer coisa, mas adora dar uma reclamada (claro que os verdadeiros bandidos não ligam pra isso)... Esses mesmos intelectualóides, julgam burro o humor que envolve sexualidade com a afirmação de que "humor que tem sacanagem é apelativo... CQC não tem sacanagem!". PORRA, não tem sacanagem porque não é você que foi humilhado publicamente! Mas como no cqc dos outros é refresco, duro é olhar pro próprio umbigo. Ainda mais se esse umbigo for de um rondoniense feio!
Recentemente, um dos paladinos do programa supracitado deu uma declaração semi-infeliz (no que concerne à graça) a respeito do aspecto físico dos meus conterrâneos da terra do sol. Como bons brasileiros, exercitamos nossa já bem alimentada hipocrisia, nos ofendendo exageradamente da PIADA do mártir do "humor inteligente", demonstrando que além de feios, somos burros, cegos e recalcados. 
Onda de violência em PVH, buracos nas ruas, preços do mercado imobiliário, trânsito, demissão em massa em Sto Antônio...: Foda-se . O bosta do Rafinha Bostos chamou Rondoniense de feio e de filho do canhôto: Meu Deus!!! Como pôde??? Preconceito é crime seu gaúcho viado de merda! E continuamos reclamando... e achando engraçado. Entendamos bem que toda generalização é burra, e nosso colega provavelmente citou nosso aspecto físico, por nada saber do nosso lamentável coeficiente intelectual e inflada hipocrisia, até porque deve sofrer dos mesmos males. Em tese, admiramos a capacidade de rir de si, mas só damos risada quando não somos a piada. Vale lembrar que Rafinha só mencionou nossa feiura pois não deve ter visitado o Acre.