sexta-feira, 18 de março de 2011

FUN FUN FUN

Saudações queridos amigos. Depois de um etílico dia de São Patrício, volto a postar com a sensação de 4 macacos-prego portando marretas golpeando as paredes internas do meu crânio. Nada de novo até aqui, eu sei, o problema é que pra piorar meu mau-humor matinal habitual, além de uma ressaca injusta, que beira a monstruosidade, me deparo com uma assombrosa (literalmente) novidade: O "fenômeno" teen Rebecca Black, com seu hit Friday (lê-se "fried egg" segundo minha grande salsicha amiga, digo, meu grande amigo Salsicha (Viktor Kings)).
-Ah, começou a apelar pro comercial, só fala de modinha teen, parece blog da capricho. (a partir de agora textos em fúscia são pensamentos que eu presumo que o leitor(a) padrão está tendo. Se você sabe o que é "fúscia" saiba que eu respeito todas as orientações sexuais).
É verdade, nada mais feio que ser um porco oportunista, quer dizer, com exceção da voz irritante (mesmo com overdose de autotunes) desta adolescente, que possivelmente, é apenas um alter ego masculinizado de Justin Bieber.
- Aff, piada com o Justin é original pra caralho!
Primeiramente, peço ao leitor que controle os impulsos por proferir impropérios. Na verdade eu já tinha um texto praticamente pronto a respeito de minha análise sobre o Bullying, e a necessidade de se ensinar o golpe Final Atomic Buster (720 + SocoForte) nas aulas de Ed. Física (referência ao Menino Zangief). Mas fui vítima da minha própria curiosidade quando resolvi verificar de que se tratava as tags "FUN FUN FUN" e "Rebecca Black" no twitter. Sem mais delongas, eis o vídeo com o qual me deparei: 
What day is today again?

Então tá... 
A primeira coisa que me chamou atenção foi o número de views em relação à data do post. Realmente impressionante, indicando que eu estava prestes a experimentar algo agradável ou singularmente traumático. Clico no play duas vezes (pra pausar e deixar carregando (valeu net lenta)) enquanto leio os comentários mais recentes sobre a moça (no twitter, pois apagaram os do youtube). Tendo minha neutralidade afetada por comentários como: "Porra meu, essa menina ingoliu [sic] um i-pad com o auto-tunes aberto, e olha a cara dela, acho que o Ipad ta saindo!" e "vtnc minina ridicula, JB eh mto melior sua feia!", comecei a assistir ao vídeo. 
Notei também, a inegável semelhança entre essa "música" e Justin Bieber - Baby Baby Baby oooooooh.
Bom, ela tem todo direito de usar um estilo que está em evidência, e do qual possivelmente ela gosta, para lançar seu trabalho. O que me consternou de fato foi a musica em si. Mais especificamente a letra, que me deixou incomodado a ponto de eu não mais conseguir ignorar a série de fatores igualmente embaraçosos. foquemos na letra:
(Yeah, Ah-Ah-Ah-Ah-Ah-Ark)
Oo-ooh-ooh, hoo yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah-ah-ah
Yeah-ah-ah
Yeah-ah-ah
Yeah-ah-ah
Yeah, yeah, yeah
 Certo. Até aqui eu entendo a letra, esse recurso é usado vastamente em outras obras contemporâneas, e talvez seja a parte mais inteligente da letra.
 
7am, waking up in the morning
Gotta be fresh, gotta go downstairs
Gotta have my bowl, gotta have cereal
Seein’ everything, the time is goin’
Tickin’ on and on, everybody’s rushin’
Gotta get down to the bus stop
Gotta catch my bus, I see my friends (My friends)
Aqui , nossa heroína narra o início de sua jornada diária, com singular riqueza de detalhes. Seria um bom começo se ela não mantivesse esse "estilo" durante a musica inteira. O pior é aparecer exatamente o que ela está mencionando naquele momento, no maior estilo Literal Version.
Kickin’ in the front seat
Sittin’ in the back seat
Gotta make my mind up
Which seat can I take?
Aqui, Rebecca se depara com  um importante momento de tomada de decisão que todos já experimentamos ou vamos experimentar. "Devo ir no banco da frente ou no de trás?" Claro que a questão não é tão simples como a fiz soar. Na verdade ela está repleta de significações ocultas, mas com as quais podemos nos identificar. Uma pessoa mais atenta, facilmente notaria que a escolha não tem apenas relação com os bancos em si, nem com os teenagers descolados dirigindo um conversível que estão nos bancos dianteiros e traseiros. Percebam os bancos como Arquétipos da dualidade presente em todos os aspectos da vida humana: Bem e   Mal, cima ou baixo, pela frente ou por trás, etc... Percebemos o desenvolvimento do ser humano com essas indagações, a tomada de consciência, a cristalização da personalidade, e de quebra temos a revelação que não são só os homens que  mudam a  voz na puberdade.
It’s Friday, Friday
Gotta get down on Friday
Everybody’s lookin’ forward to the weekend, weekend
Friday, Friday
Gettin’ down on Friday
Everybody’s lookin’ forward to the weekend
Ápice da canção, o tema central é apresentado. Agora temos músicas pra quase todos os dias da semana.

Partyin’, partyin’ (Yeah)
Partyin’, partyin’ (Yeah)
Fun, fun, fun, fun
Lookin’ forward to the weekend
Este é talvez o trecho mais polêmico da música, que rendeu a entrada e permanência nos TTs e gerou tweets como: "fun fun fun eh minhah ppica de rayban!!!11"

A música continua seguindo o mesmo padrão de qualidade, com a participação de um rapper que não se preocupa muito com sua imagem, e faz referências literais ao carro, aos bancos, às sextas-feiras, e às festas. Dessa vez na linguagem do ghetto! 

Alem da letra da música, os aspectos visuais do clipe são um show a parte. Temos boas mensagens de inclusão social, além de aulas de dança e interpretação. Em determinado momento, podemos ver nossa musa mencionando: "Minha amiga está à minha direita". Nessa ocasião percebemos que Rebecca está entre duas pessoas, mas só uma é considerada amiga.
Rejection
Antes de estigmatizar nossa Becca, considerem a sinceridade e gravidade da situação, usem de empatia e me digam  se, no  lugar dela, vocês voluntariamente  seriam amigas de alguem que dança assim:

 Tá na cara que a Ana Botafogo aí não tem o estilo pra ser AMIGA de Becca, ela deve ser aquela prima chata com problemas de socialização, que sofre bullying na escola mas não sabe lutar wrestling pra revidar. 
Já é rotina para Becca:
-Minha filha, onde você vai?
-Ah mãe, sei lá, tipo  sei lá, da uma volta de carro com a galera  do face, sei la tipo assim, dá uma volta em pé no banco do carro (eu vou no de trás ou no da frente?), pegar um ar  tipo assim.
-Leva sua prima!
-Pô mãe, não fode!

Ou seja: em geral percebemos um trabalho feito com feeling, e responsabilidade social, ao mostrar a vida como ela é! 
Não vou nem mencionar (tarde demais) a parte em que ela descoladamente estrangula a gramática do próprio idioma ao proferir repetidamente: "we so excited". Que não necessariamente tem a mesma conotação na língua portuguesa.
Apesar de ter me feito passar a odiar as sextas feiras e grudado na minha cabeça, a baladinha de Rebecca foi um ótimo pretexto pra tirar minha atenção de assuntos relevantes, como o fato da minha cidade neste momento estar sendo praticamente tomada por batedores traídos sem nada a perder. Horrível! Mas não tão horrível quanto a voz de Rebecca.


PS: (Errata): Como bem lembrado pelo meu amigo Flávio Bruno e posteriormente pela Carol Vitti a gráfia correta da cor aboiolada é "Fúcsia" e não "Fúscia".  Well, thanks and Fucsia you too.

6 comentários:

  1. De fato por não sermos surdos devemos desenvolver a habilidade de ignorar algumas coisas

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  2. Estou esperando pelo seu post sobre bullying. Se precisar de uma vítima para entrevistar, estou às ordens

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  3. Restart, Rebecca... grandes tragédias!!! (estou ansiosa para saber a próxima!), portanto, temas totalmente relevantes!! Como as tragédias greco-romanas, ou melhor, nestes casos, tragicomédias*!! hehehe

    *[(Sub)Genêro teatral sempre presente no palco do mundo (entenda-se, circo dos horrores), no grande picadeiro q é a vida!!!] =P

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  4. Incrível a sua capacidade de fazer comentários tão inteligentes para coisas tão inúteis...mas enfim, a amiga da direita também indica the RIGHT thing =P Escolhas... Assim como o Justin Bieber ela tem um cafetão? haha

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  5. kkkkkkkkkkkkkkkkk :D Devo dizer que pelo menos o nome dela é bem bonito né :x aeuiheuieai...
    E sobre o restante, diria que vivemos um período novo e critico, aonde o senso critico não existe mais!

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